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Educação Infantil: Uma fase importante na aprendizagem

  • Foto do escritor: janainafiladelfia
    janainafiladelfia
  • 7 de abr. de 2016
  • 16 min de leitura

Vanessa de Souza Oliveira

Resumo:Este artigo apresenta um estudo sobre os principais aspectos que envolvem o ensino e a aprendizagem na Educação Infantil. O texto deve mostrar dados coletados durante o pesquisa feita em escolas municipais em turmas de Jardim e Pré-Escola, apontando a função social deste nível de ensino, as propostas pedagógicas que influenciaram a organização do atendimento às crianças pequenas, o processo de construção do conhecimento, a legislação que a regulamenta, a identidade profissional do professor, as demandas de trabalho e a forma de relacionamento entre a comunidade escolar. O objetivo é refletir e conhecer as principais etapas de ensino, o trabalho do professor e o processo de aprendizagem das crianças de 4 à 6 anos, priorizando o desenvolvimento cognitivo e motor.

Palavras – chaves: estágio; educação infantil; aprendizagem;

O texto tem como intenção mostrar os principais fatores que influenciam para a aprendizagem na Educação Infantil, abrangendo crianças na faixa etária de 4 a 6 anos, bem como comprovar a importância deste nível de ensino para o desenvolvimento infantil. Os dados foram coletados através de pesquisas e observações em turmas de jardim e pré – escola. Devem ser organizados em cinco partes, sendo a primeira a contextualização, que caracteriza o espaço social da escola e os sujeitos que a compõe; Etapas de Ensino, que aborda a organização da educação infantil e sua caracterização; Processos de Ensino, que envolve a ação do professor sobre os sujeitos, levando em consideração planejamento e prática docente neste nível de ensino; Aprendizagem dos alunos, que traz a construção do conhecimento de forma significativa, levando em consideração a diversidade da turma e por fim, Trabalho Docente, que sintetiza os elementos necessários ao professor deste nível de ensino em específico.

É muito importante que a comunidade escolar tenha clara a função social da escola para desenvolver junto a ela, um trabalho produtivo e significativo. Scheibel (2006), em seu livro: Didática: Organização do trabalho pedagógico, nos esclarece sobre a função social da escola. Segundo ela:

A função social da escola é ajudar a realizar o processo de construção do conhecimento, cujo ponto de partida sempre é uma visão global, difusa, que funcionará como uma oportunidade de o professor contextualizar o ensino, isto é, buscar com e no aluno, os conhecimentos prévios que estes tem sobre o tema enfocado (contextualizado/problematizado). Uma escola que tem como objetivo estimular e desenvolver a cidadania deve proporcionar aos seus alunos situações em que eles tenham oportunidade de adquirir valores e conhecimentos básicos para a vida na sociedade contemporânea. Deve promover atitudes e habilidades necessárias para que cada aluno venha a participar plena e efetivamente da vida política, econômica e social do País. Para realizar a função social, a escola precisa proporcionar situações em que os alunos participem de projetos coletivos de interesse da escola e da comunidade. (Scheibel. 2006. Pág.s 60 e 61)

Dessa maneira, percebemos que a função da escola vai muito além da simples transmissão de conteúdos, como se pensava em algum tempo atrás. Atualmente, a escola vem com muitas funções socais, onde além de transmitir conhecimento, possa transmitir valores e preparar para a vida em sociedade.

A pesquisa e observação foram realizadas com alunos moradores da zona rural. Percebeu-se que estes trazem em sua bagagem de conhecimentos prévios, o cultivo de hortaliças, a criação de animais, a produção de benfeitorias para o trabalho no campo, entre outras tarefas desenvolvidas pela comunidade. Demonstram interesse por situações diferentes da sua realidade. São curiosos, críticos e participativos. Conservam valores como respeito, carinho, amizade e sinceridade. Dificilmente apresentam problemas com indisciplina no ambiente escolar. Em suas falas ocorrem algumas variações linguísticas, características da localidade em que vivem, usando muito o R nas palavras, por exemplo, vorta (volta), carma (calma), entre outras. Possuem motivação para construção do conhecimento e gostam de temas da atualidade. Por parte dos professores, a preocupação com os alunos é constante, estão sempre dialogando sobre as dificuldades e facilidades de aprendizagem, buscando estratégias de ensino adequadas para cada caso. Os alunos são receptivos a esta atenção, demonstrando afetividade e gratidão para com o professor.

Os pais são trabalhadores da zona rural, exercendo atividades na área da agricultura e da pecuária. São sujeitos simples, solidários e conservadores. Valorizam os professores e principalmente a equipe diretiva, demonstrando confiança e respeito pela escola. Poucos questionam e participam de decisões administrativas, pois a maioria dos pais não se veem sujeitos participantes do processo escolar, talvez por terem a concepção tradicional de ensino, onde o professor é o detentor do saber a direção à autoridade máxima.

Etapas de Ensino

Existem muitos desafios no que diz respeito ao desenvolvimento educacional de crianças pequenas. Muitas pessoas consideram que educação infantil é somente um conjunto de brincadeiras, onde as crianças estão apenas socializando, conhecendo a escola e seu conjunto de elementos. Algumas escolas que se pode conhecer durante o estágio, apresentam apenas monitores, muitas vezes, desqualificados para a docência com crianças de 0 a 5 anos, não referindo o devido valor e importância que esta etapa configura.

Ao longo do tempo, inúmeras propostas pedagógicas influenciaram a organização do atendimento às crianças pequenas, especialmente da pré-escola. Entre elas podemos citar: Froebel, Montessori, Decroly, Freinet, Piaget, entre outros. Moyses Kuhlmann Jr. (2001), tomou como base de seus estudos as ideias de Froebel para os jardins de infância.Froebel dedicou seus estudos, em especial, para a educação das crianças pequenas. Logo, ele propunha uma educação que respeitasse a atividade espontânea da criança, que valorizasse os jogos e brincadeiras como elementos essenciais para aprendizagem, que levasse em conta os sentidos, colocando as crianças em contato com o objeto. Além destas atividades, a proposta froebeliana indicava o ensino da religião, a formação de bons hábitos morais, o desenvolvimento da linguagem, passeios, atividades de expressão artística, jogos e brincadeiras. Froebel também, priorizava o caráter lúdico da aprendizagem e “defendia a ideia da evolução natural da criança, com uma concepção positivista de que as atividades levam espontaneamente ao conhecimento” ( Froebel in Kramer, 2003).

O pensamento de Jean Piaget (1896 – 1980) consiste em propiciar o desenvolvimento infantil levando em conta a totalidade da personalidade da criança, dando ênfase à autonomia intelectual e moral. Para ele, favorecer o desenvolvimento infantil significa auxiliar a criança na construção do conhecimento, encorajando-a à atividade e à autonomia. Já o pensamento de Maria Montessori, nos mostra que o professor tem como papel colocar a criança em contato com o material, além de organizar um ambiente favorecedor de aprendizagem, não fazendo intervenções e permitindo que a criança realize descobertas por si mesma.

A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9.394/96 estabeleceu de forma incisiva o vinculo entre o atendimento às crianças de 0 a 5 anos e a educação. A educação infantil é considerada a primeira etapa da Educação Básica (título V, capítulo II, seção II, art.29), tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade. Também temos o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil que reafirma o caráter educativo das instituições de atendimento à crianças pequenas. Parte também do pressuposto de que é preciso modificar a concepção assistencialista que sempre predominou nessas instituições, especialmente as de caráter público, voltadas para faixa etária de 0 a 3 anos, para a concepção de educadora. “Há um consenso sobre a necessidade de que a educação para as crianças pequenas promova a integração entre os aspectos físicos, emocionais, cognitivos e sociais da criança, considerando que esta é um ser completo e indivisível (BRASIL, 1998, v.I.P.9)

É importante que o professor da educação infantil tenha a compreensão sobre a importância do desenvolvimento da criança nesta etapa, deixando de lado a ideia de que educação infantil é apenas uma adaptação. Para isso a rotina deve ser bem elaborada, de forma que contemple todas as exigências para essa faixa etária. As atividades planejadas devem proporcionar o exercício cognitivo e motor da criança, estabelecendo uma sequencia produtiva de desenvolvimento. No texto Rotina Escolar: potencializando o processo de aprendizagem e de ensino, Silva nos muitos aspectos a serem considerados neste âmbito, nos diz que:

Seja do ponto de vista da aprendizagem do aluno, seja do ponto de vista da organização do planejamento por parte do professor, a organização de uma rotina, que defina momentos permanentes, coletivos, individuais, sequenciados e de sistematização é essencial para que o processo ensino-aprendizagem seja o mais profícuo possível Pedagogicamente, é preciso compreender que a organização escolar ou rotina escolar é organizada a partir de intenções gerais ou específicas, e não tendo como referência

as atividades em si. Estas, quanto mais diversificadas, mais potencializarão a interação da criança com os objetos de conhecimento . Assim, o professor precisa definir que objetivos são essenciais de serem abordados naquele ano e naquela turma em específico, delineando que atividades devem ser permanentes, por exemplo. (Silva, 2014)

Souza (2006), em seu livro Escola e Currículo, considera ainda que:

Os professores devem conceber o desenvolvimento infantil e atuar para favorecê-lo considerando aspectos como diversidade e individualidade; cuidados e interação; conhecimentos prévios; autonomia; complexidade do objeto de conhecimento e socialização das descobertas. Essas orientações referem-se ainda a dimensões organizacionais como a ordenação do tempo, do espaço e da seleção dos materiais .(Souza, 2006, pag 83)

A mesma autora (2006), também considera que: “A avaliação é vista como elemento indissociável do processo educativo, que deve se dar de forma sistemática e contínua, tendo como objetivo a melhoria da ação educativa, envolvendo a criança, o educador e a instituição”.

Processo de Ensino

Scheibel (2006), nos mostra a construção da identidade do professor, conforme Pimenta (1999, p.19):

[...] ela se dá a partir da significação social da profissão, da revisão constante dos significados sociais da profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação das práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias.(pag, 19).

Através da citação da autora podemos perceber que a identidade profissional do professor deve adaptar-se ao contexto social, político e histórico, percebendo a realidade do aluno num processo crítico, reflexivo e investigativo. Dessa maneira é preciso, em primeiro lugar, que o professor se sinta professor dentro de um contexto educacional para que a partir desta concepção consiga colocar em prática seu trabalho profissional, desenvolvendo senso crítico no aluno, por meio do diálogo, do confronto de ideias e práticas, do desenvolvimento da capacidade de ouvir o outro e a si mesmo, de autocriticar.

Reconhecendo-se como um professor, este deverá ter o intuito de estudar, discutir e aprofundar as questões do ensino de aprendizagens, escolhendo meios e métodos adequados, mas sem ignorar a troca de ideias e de experiências. Freire (1996) nos mostra que o professor deve construir qualidades durante sua prática pedagógica, como a humildade, amorosidade, coragem e tolerância. Sheibel (2006), ainda nos diz que:

[...] A capacidade de decidir do professor é imprescindível para o seu trabalho educativo. Se ele não for capaz de fazer decisões, os alunos podem entender essa deficiência como fraqueza moral ou incompetência profissional. No entanto, ele não pode ser arbitrário em suas decisões. Segurança, como qualidade do professor progressista, exige competência científica, clareza política e integridade ética. O professor não terá segurança no seu trabalho pedagógico se não souber fundamentá-lo cientificamente ou se não entender por que e para que o faz. (pag.25)

Partindo da citação acima, podemos perceber que o professor deve ter bem definido o seu papel dentro da função à qual está exercendo. Acredita-se que este seja o ponto principal a ser considerado sobre o professor de Educação Infantil dentro da realidade das escolas parceiras do estágio I. Percebe-se muitas vezes que a educação infantil é vista como uma brincadeira e um período de adaptação, onde na maioria das vezes o professor não conhece a amplitude que esta etapa abrange.

O professor de educação infantil também deve conhecer muito bem sua turma, percebendo as facilidades e dificuldades, a realidade de cada um e os principais pontos de interesse. Deve ter bem definida as suas intenções a partir das percepções anteriores e colocá-las em prática, dentro de um ambiente organizado e atrativo.

Montessori considerava o ambiente um ponto importante para o desenvolvimento da criança, pois era ele que a levaria a uma “ordem interior”. O ambiente deveria ser devidamente preparado e adequado à criança. Isso implicava um local ideal, nem pequeno demais, restringindo o movimento livre das crianças, nem grande demais, que impedisse o desenvolvimento de atividades e a concentração (SOUZA, 2006, Pag. 60)

A preocupação do ambiente recai, ainda, sobre a disposição dos móveis, a distribuição dos espaços e no trabalho de conservação dos objetos. Segundo Lagôa (1994) “pelo método Montessori, os móveis deveriam ser pequenos e adaptados ao tamanho das crianças proporcionando a elas maior autonomia e controle sobre o espaço”. Dessa maneira, o professor deveria preparar o ambiente com a intenção de desenvolver responsabilidade, autonomia e organização, bem como o desenvolvimento cognitivo e motor.

A intencionalidade para cada aula deve estar, antes de qualquer coisa, bem definida dentro do processo de ensino. Para designar propostas de planejamento, o professor deve estabelecer uma relação entre intencionalidades, objetivos e prática pedagógica.

Antes de buscar, então, definir o que se vai ensinar ou a forma que se vai ensinar, é preciso elucidar com que intenção se vai ensinar. Definir, a partir do conhecimento da realidade, da caracterização social do objeto de conhecimento e dos processos de construção do conhecimento, a intencionalidade pedagógica é compor o filtro necessário para definir se uma proposta é viável ou não. (SILVA, 2014).

Segundo Sarmento (1997), “Planejar na educação infantil é facilitar o espaço e o tempo para que a criança não perca sua característica de ser, lúdico criativo, imaginante, poético e barulhento”. O planejamento deve antecipar mentalmente uma ação a ser realizada. Assim, para planejar o professor de educação infantil deve elaborar uma rotina a partir das intenções pré-definidas. Planejar significa ter clara a definição sobre o que fazer, para quê e como fazer. As crianças são curiosas e inquietas, dessa maneira é fundamental que o professor procure inovar sempre suas aulas, valorizando todos os aspectos dos alunos. Deve fazer um trabalho de forma individual e em grupo, acompanhando constantemente e considerando suas capacidades sociais, afetivas tomando como base o que diz o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil) (1998): “Isso significa que o professor deve planejar e oferecer uma gama variada de experiências que responda, simultaneamente, às demandas do grupo e as individualidades de cada criança.”. Sendo a primeira infância a base do aprendizado das crianças e uma fase complexa para o desenvolvimento cognitivo destas, cabe ao professor da Educação Infantil cumprir com seu papel elaborando projetos contextualizados com a realidade dos educandos e coerentes com a idade destes.

As atividades lúdicas educativas são muito importantes nesta etapa do desenvolvimento infantil. Elas servem de ponto de partida e podem ser enriquecidas de acordo com a realidade de cada turma. Através delas é possível estimular o gosto pelos conteúdos e o desenvolvimento das principais habilidades esperadas na educação infantil. A complexidade das atividades lúdicas pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o nível dos participantes, maturidade, conteúdos, motivação e tempo disponível. O professor pode adaptá-las a sua realidade e desenvolver um trabalho interdisciplinar e produtivo. Segundo Kraemer (2007): “Através de atividades lúdicas educativas, o aluno tem a oportunidade de participar, pensar, criticar, formar os seus conceitos e as suas opiniões”. A mesma autora, ainda nos diz que:

Todo material apresentado de forma “diferente” é mais atrativo e mais interessante para o aluno, tornando-o mais descontraído, mais crítico, mais pensador, mais pesquisador. Enfim, desperta maior curiosidade, fazendo com que o aluno aprenda. Logo, o professor fica profundamente recompensado com o êxito de seu trabalho. (kraemer, 2007, pag. 16)

Muitas vezes as dificuldades de aprendizagem surgem nos primeiros anos de vida escolar e podem ser agravadas com o passar desses anos, se não trabalhadas de forma significativa desde o início. Dessa maneira, nada melhor que uma atividade lúdica educativa para resolver as várias dificuldades de aprendizagem de forma prazerosa e produtiva. Ainda, segundo Kraemer (2007), “ A escola precisa trazer atrativos e ter condições de competir com os interesses lúdicos que rodeiam os aluno fora do mundo escolar.

O ato de avaliar também é um aspecto muito importante a ser considerado, quando falamos em prática educativa. Vários autores pesquisados como Hoffmann (2000), Hadji (2001), Mèndez (2002), Bonniol e Vial (2001), entre outros, apontam que as legislações vigentes destacam a importância do processo avaliativo nos ambientes educacionais, e que a avaliação mediadora deve ser constante, formativa e personalizada. Neste âmbito, para ser qualitativa, a avaliação deve ser contínua e integrada ao fazer diário do professor. Segundo Zacharias (2006), “Para avaliar, o professor precisa conhecer melhor seu aluno, constatar o que está sendo aprendido e adequar o processo de ensino”. Avaliar nesta concepção significa então, possibilitar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor. Compreender o sujeito em todos os seus aspectos, privilegiando seus conhecimentos, sua cultura e sua linguagem.

Aprendizagem dos alunos

Muitas intenções devem ser definidas a partir dos conteúdos propostos para esta etapa de ensino e, também, da realidade da turma. Devem ser planejadas atividades que oportunizem o desenvolvimento de todos os alunos, levando em consideração a diversidade da turma e todas as habilidades que devem ser estimuladas neste nível de ensino. As atividades coletivas são uma opção interessante, pois possibilitaram a socialização e também as diferenças de aprendizagem entre os alunos, bem como podem desenvolver o sentimento de cooperação e amizade. Segundo Santos (2007):

Sempre que possível deixar as crianças sentar-se em grupos, que devem ser modificados com frequência; e realizar tarefas de grupo, começando por pares. Essas atividades ajudam na integração da criança e diminuem conflitos individuais. (pag.47)

Trabalhos em grupo, com recorte, colagem, pintura e desenho livre, onde o aluno que possuí mais facilidade tem a oportunidade de auxiliar o colega que apresenta dificuldade ao realizar a atividade proposta, traz para dentro da sala de aula, pontos positivos para o bom relacionamento e para o desenvolvimento de valores morais necessários. Também, rasgado de papeis, tiro ao alvo, danças, brincadeiras com contagem e cores, jogos de encaixe e raciocínio, colagem com bolinhas, sementes e materiais de sucata, contagem e recontagem de estórias, relação de objetos com números, escrita e decoração do próprio nome, traçado e recorte de linhas retas e curvas, corrida com obstáculos, brincadeiras com bola, teatro com fantoches, exploração com blocos lógicos e material dourado, desenvolvem a motricidade fina e ampla, criatividade, equilíbrio, lateralidade, raciocínio lógico, entre outras habilidades fundamentais para esta etapa.

Durante a pesquisa com os alunos, muitas especificidades foram percebidas. Alguns tinham facilidade, outros tinham dificuldades, mas percebeu-se que todos os objetivos para o período foram contemplados, à medida que se pode observar o avanço na aprendizagem significativa dos alunos. Aqueles que não conseguiam equilibrar-se foram desenvolvendo sua coordenação através de muitas atividades de livre expressão e motricidade ampla. A motricidade fina foi sendo percebida através do aperfeiçoamento dos trabalhos manuais e da facilidade que passaram a apresentar durante o manuseio com o material escolar. O letramento e o desenvolvimento das múltiplas linguagens foram constantes, pois se aproveitou todas as intervenções para estimular e desenvolver aspectos necessários para posterior alfabetização. A socialização e o espírito de cooperação também foram ampliados, motivando os alunos para o exercício dos valores morais.

Trabalho Docente

O ato de observar com maior atenção fatos cotidianos nos permite compreender um pouco melhor nossos alunos e os resultados de nosso trabalho. Estar atento aos detalhes da comunidade faz com que o educador cresça e exerça com maior eficácia seu papel. Nóvoa (2006) enumera duas competências necessárias para a prática do professor: “Organização e compreensão do conhecimento”. Para ele, não basta que o professor tenha conhecimento sobre o conteúdo, é preciso que consiga compreender, reformular e ainda, adaptar, se necessário, a realidade que faz parte de sua prática docente.

O professor precisa saber comunicar-se e variar os métodos de ensino; dar lugar a troca de ideias e principalmente estar a aberto sempre a novas tendências e metodologias. Deve ser afetuoso e compreensivo, demonstrando segurança, responsabilidade, ética e firmeza. Precisa saber motivar, ter humor e ser positivo para encarar os desafios das provocações e do debate que acontece entre professor e aluno. Scheibel (2006) destaca Tramontin (2006) que diz: “O professor deve ser um provocador, guerreiro e mentor, mágico e profeta, viajante, desbravador, revolucionário, pai, mediador e juiz, devendo amar a si mesmo, sua profissão e seu trabalho”. É importante considerar também que o professor tenha sempre a humildade de reconhecer suas próprias limitações e também que se reconheça como um constante estudante, nunca se entendendo como completo e perfeito.

Ninguém se torna um professor perfeito. Aquele que se acha perfeito acaba se transformando num grande risco para a comunidade educativa; está em queda livre porque é incapaz de rever seus métodos, de ouvir outras ideias, de tentar ser melhor. O verdadeiro educador é aquele que: percebe a relação entre educação familiar e ensino; assume a responsabilidade pedagógica pelo que faz; cria uma atmosfera pedagógica positiva; compreende as diferenças sócio-culturais; identifica necessidade de cuidados sócio pedagógicos especiais; estimula o trabalho independente e incentiva a cooperação entre os alunos. (Scheibel, 2006, pag. 29)

Se o professor não dispõe de habilidade de pensamento, se não sabe “aprender a aprender”, se é incapaz de organizar e regular suas próprias atividades de aprendizagem, será muito difícil contribuir para uma aprendizagem significativa dos alunos. Pode-se observar nas escolas pesquisadas, profissionais de áreas específicas das séries finais, como Ciências, Matemática, Língua Portuguesa e outras, que pouco tiveram contato com conhecimentos pedagógicos e leituras que condizem com estratégias de ensino. Tornam-se professores extremamente técnicos e preocupados apenas com o conteúdo, consequentemente apresentando muita dificuldade no momento de impor limites e compreender as múltiplas linguagens que os alunos apresentam. Dessa maneira, não encontram uma resposta para as dificuldades da sala de aula e ao mesmo tempo são resistentes às teorias que fundamentam a prática pedagógica, por se acharem formados e acabados.

Assim, podemos dizer que o professor não é aquele que transmite o conhecimento, mas, sobretudo, que subsidia o aluno no processo de construção do saber. Dessa forma, é imprescindível que não domine apenas seu campo específico, mas também a metodologia e a didática eficiente no processo de ensino e aprendizagem. A formação continuada é necessária e muito importante. Segundo Alarcão (2003), “O professor deve se envolver num constante processo de auto formação e identificação profissional”.

Conclusão

A pesquisa realizada oportunizou a compreensão dos principais aspectos que rodeiam a educação infantil. Através de pesquisas e leituras pode-se ampliar o conhecimento sobre a função social da escola, o contexto histórico da educação infantil, bem como a legislação vigente que aborda esta etapa de ensino. A reflexão sobre o entorno escolar e a percepção sobre os sujeitos que compõe a escola foram de grande importância para o desenvolvimento de intencionalidades voltadas para o interesse geral e individual da turma.

Discutindo e aprofundando questões sobre o processo de ensino aprendizagem foi possível perceber as estratégias necessárias para o desenvolvimento das principais habilidades de acordo com o ritmo, nível e tempo dos alunos. Para atender a diversidade presente na turma foram utilizadas metodologias que integravam o trabalho em grupo e as intervenções individuais, de forma que, a turma progredisse despertando para o sentimento de cooperação, amizade e tolerância. A paciência e a tolerância, bem como, a amorosidade e a coragem, são características fundamentais do professor de educação infantil, pois proporciona uma experiência docente democrática e autêntica. Segundo Scheibel (2006), “A tolerância possibilita aprender com o diferente e requer respeito, disciplina e ética”.

Quando percebemos que um aluno está enfrentando dificuldades para atender a determinada demanda durante as atividades, o professor, em primeiro lugar, deve ter o conhecimento sobre aquele aluno, para só assim compreendê-lo e oportunizar proposta que atendam as necessidades dele. Deve perceber se esta dificuldade se torna constante e com grande dessemelhança ao ritmo de aprendizagem escolar, pois se assim acontece, estamos falando de necessidades educativas especiais. Se o professor desconhece os problemas de aprendizagem, como poderá desenvolver um trabalho significativo, de forma a proporcionar a construção de conhecimento em meio a diversidade da sala de aula? Assim, o processo de formação do professor deveria ser estruturado com conhecimento à cerca das dificuldades dos alunos para saber lidar com elas. O professor sendo o principal condutor do processo de ensino e aprendizagem vem para influenciar de forma significativa no desenvolvimento das crianças em todos os aspectos.

O professor deve ensinar aquilo que ser aluno necessita e não aquilo que ele acha que seu aluno precisa, além de adequar esses conhecimentos à capacidade do seu aluno, pois segundo Delors, 2000, pag 212, “não há maior preconceito do que tratar igualmente aquele que não é igual” (SILVA, 2007, p. 9)

Referências Bibliográficas

FARIA, PALHARES, Ana Lúcia, Marina Silveira, Educação Infantil PÓS-LDB: Rumos e desafios, Campina/SP, Autores Associados, 2007, pag.19 a 24

KRAEMER, Maria Luiza, Lendo, Brincando e Aprendendo (coleção formação de professores), Campinas/SP, Autores Associados, 2007, pag. 5 a 21.

LAGÔA, MALHEIROS, Ana e Yara.Como a criança aprende segundo Montessori, Texto Publicado na Revista Nova Escola-outubro 1994, pp. 26-9. Digitação e diagramação de José Lino Hack. Pelotas, outubro de 1999.

REDIN, Euclides, Infâncias: Cidades e escolas amigas das crianças, Porto Alegre/ RS, Mediação, 2007, pag 84 a 94.

SANTOS, Adriana Flávia, Pré-escola e alfabetização: Uma proposta baseada em Paulo Freire e Jean Piaget, Petrópolis, RJ, Vozes, 2007, pag. 21 a 41.

SCHEIBEL, MAIA, Maria Fani, Christiane Martinatti, Didática: Organização do trabalho pedagógico, Curitiba, IESDE, 2006, pag.21 a 33; 59 a 95; 177 a 189.

SILVA, Maria de Fátima, Dificuldades de aprendizagem, Curitiba, IESDE, 2007, pag.7 a 10.

SOUZA, Rosa de Fátima, Escola e Currículo, Curitiba, IESDE, 2006, pag. 47 a 99.

 
 
 

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