UM NOVO OLHAR NA ALFABETIZAÇÃO
- FFernanda Athanázio Vieira
- 13 de jul. de 2016
- 15 min de leitura
O texto tem como intenção refletir sobre as modificações sugeridas pelo MEC no que diz respeito ao Ensino Fundamental de 09 anos. A partir da experiência vivida durante o estágio e fundamentando minhas reflexões e ações nos autores: Magda Soares, Madalena Freire, Cipriano Luckesi e Maria Isabel Cunhas. O trabalho organizar-se-á em cinco partes, sendo que a primeira irá apresentar a escola e seu entorno, a segunda trata das questões específicas das séries iniciais, a terceira evidencia os processos de ensino, a quarta reflete sobre a aprendizagem dos alunos, e a quinta traz uma reflexão da prática pedagógica e meu olhar enquanto educadora.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Contextualização O artigo representa percepções e conhecimentos adquiridos no Estágio de Séries Iniciais. Antes mesmo de iniciar o estágio, já havia uma parceria com a escola, que me permitiu conhecer um pouco do seu entorno. Além das observações feitas, realizei diversas visitas, para que chegasse ao estágio, com um razoável conhecimento da realidade da turma e da escola, no geral. O Instituto Estadual Couto de Magalhães está localizado na Rua Arthur da Costa e Silva nº 18, no centro da cidade de Arroio dos Ratos-RS, uma escola grande e acolhedora que atende crianças, jovens e adultos. A escola atende nos turnos da manhã, tarde e noite o Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino para Jovens e Adultos. A escola conta com 1004 alunos matriculados e frequentando as aulas. No município de Arroio dos Ratos apenas o Instituto Estadual Couto de Magalhães e o Colégio Cenecista Santa Bárbara da rede privada ofertam ensino médio, sendo assim a maioria dos jovens do município estudam no Instituto. A escola conta com um quadro de diversos funcionários, sendo eles professores entre efetivos e contratados, supervisoras, coordenadoras, orientadores, diretoras, vice-diretoras, secretária, merendeiras, serventes, guardas e estagiários. Visto que a escola recebe alunos de todos os bairros da cidade e do município vizinho, Eldorado do Sul, o entorno da mesma é riquíssimo. Nos arredores da escola encontram-se comércios, igrejas católicas, evangélicas, Centro espírita, praças municipais, salões de beleza, bares, supermercados, CTG e clubes. Os comércios sempre ajudam nas atividades extras da escola, assim como a Festa Junina que é patrocinada por eles, que participam e apoiam a gincana escolar durante o mês de junho. A igreja católica e o centro espírita sempre realizam eventos e festividades e contam com a ajuda dos alunos e professores para a realização dos mesmos. A Comunidade Escolar ajuda na venda e compra dos ingressos para os chás e bingos. O clube esportivo situado em frente à escola onde são realizados os torneios de futebol de campo, tais como Genôma Colorado, JERGS e Guri Bom de Bola. Há também a Sociedade Última Hora, um clube particular mantido pelos sócios, nesse são realizadas as ‘baladas’ onde toda comunidade participa, principalmente no famoso Baile de Carnaval. 7 Há alunos que moram nos bairros com grande concentração de tráfico de drogas, isso os levam para duas opções, ou unir-se ao tráfico ou viverem presos dentro de casa se refugiando do mundo do crime, principalmente no turno da noite. A escola conta com grande dificuldade nesse aspecto, tendo as aulas interrompidas, quase que diariamente, pelo policiamento municipal para revista e controle do tráfico. Esses alunos necessitam ser observados mais atentamente e auxiliados, conforme orientação da coordenação e pais. Os alunos, que convivem nesse ambiente, frequentam as aulas para distribuição das drogas e assim colocam medo nos professores e funcionários, devido ao que são capazes de fazer, quando estão com efeito da droga. Mesmo assim existem alunos que vivem tranquilamente nesses bairros e se mantém longe da criminalidade. Existem os alunos que moram em bairros mais tranquilos e vivem em outra realidade, vale lembrar que estes, apesar de viverem em realidades um pouco diferentes, também têm suas dificuldades e precisam de atenção. Os alunos não diferenciam uns aos outros, não tem preconceitos e são muito colaborativos quando os colegas e amigos que estão passando por dificuldades. Os pais não são participativos, a grande maioria nunca vai à escola, exceto no dia de rematrícula, muitos trabalham em turno de 40hs e o tempo que tem livre precisam cumprir as tarefas domésticas e não podem comparecer nas reuniões e festividades, mesmo com os horários adaptados. A escola, através de um levantamento de dados, organiza-se conforme o horário de trabalho dos pais. Os pais trabalham em comércios na cidade, casas de família, vendendo seus plantios, fazendo construções e trabalhando em fábricas.
2.1.1 A Escola e seus objetivos O instituto tem um objetivo em especial que é a aprendizagem a partir da realidade do aluno. Essa missão/meta tem sido prioridade desde o início de 2013 quando foi reformulado o novo PPP da escola, baseado nas teorias de Paulo Freire e Libâneo. Este documento afirma: “A escola oportuniza o desenvolvimento de sujeitos críticos e atuantes, capazes de compreender e/ou transformar a sociedade 8 positivamente com atitudes de respeito, afetividade, solidariedade e cooperação”. (PPP,2013). A escola tem como princípio de educação básica visar o respeito, humanidade, cooperação e ética, princípios esses que são sempre relembrados aos professores e lidos sempre nos inícios de cada reunião pedagógica para que não caiam no esquecimento. Com o novo PPP, em 2013 decidiram, objetivando um melhor desenvolvimento dos alunos, a avaliação seria através de pareceres, onde no final de cada trimestre os professores juntamente com a direção reuniriam-se para avaliar cada aluno, como um todo, desde sua postura na escola até a entrega de trabalhos e interação na sala de aula, na tentativa de alcançar um aprendizado de melhor qualidade. Alem desses elementos a escola, durante a avaliação busca um olhar direto para a realidade que o aluno vive no momento, observando as dificuldades pessoais que poderão estar interferindo no aprendizado. A escola conta com Psicopedagoga que auxilia nessa parte e vendo que o aluno precisa de atendimento especializado é encaminhado para a Secretaria de Educação do município que com uma parceria com a escola realiza os atendimentos com os profissionais de saúde necessários. A escola possui um diálogo aberto com pais e alunos, onde os mesmos fazem parte do Conselho Escolar e participam das tomadas de decisões, onde todos os participantes comparecem nas reuniões e levam os assuntos para os demais pais, alunos e funcionários. A escola teve um retorno positivo desde sua mudança do PPP, tendo menor evasão escolar e maior aproveitamento no aprendizado dos alunos, e também, tendo o maior número de aprovados no ENEM dos últimos anos, segundo informações passadas pela direção da escola.
2.1.2 A escola e seus espaços A escola possui diversos espaços para o melhor desenvolvimento das aulas, sempre pensando nas diversidades que cada espaço pode oferecer e qualificar as 9 aulas. A mesma conta com 21 salas de aula, onde cada uma é capaz que acomodar 40 alunos. As salas são bem distribuídas e amplas, como pede a demanda escolar, porém na maioria das salas de aulas, que possuem TV de LCD, os recursos não são utilizados como deveriam. As salas, contam também com armário de livros formando uma mini biblioteca conforme a necessidade da turma. Além disso, a escola conta com uma biblioteca com muitos livros onde possui controle de retirada, todos os alunos utilizam a biblioteca para realização de trabalhos, apesar da era digital ter deixado as bibliotecas de lado os alunos da escola ainda utilizam este espaço, pois a grande maioria não possui internet para pesquisa em suas casas. A escola possui uma sala de vídeo, onde os professores agendam suas aulas direcionadas, a sala de vídeo é a única que possui também o projetor, dificultando aos professores a utilização, quando outro professor está utilizando a sala. Pela grande demanda a escola deveria ter aparelhos extras de DVD’s e projetores. A sala de informática é pouco utilizada, devido a escola não possuir um técnico habilitado para auxiliar os professores e alunos. A sala dos professores é utilizada para momentos vagos e também para venda de materiais pedagógicos, onde vendedores de diversas regiões oferecem seus produtos expostos a venda, tais como livros, brinquedos, jogos, entre outros. A secretaria da escola fica logo na entrada para melhor acesso, tendo como priorização assuntos burocráticos e atendimento ao público. A recepção fica juntamente com a sala diretiva e sala de orientação pedagógica, onde os alunos resolvem questões da escola e também onde os pais são recebidos para tratar de assuntos escolares. A escola possui sala de recursos, ocupada pela Psicopedagoga que realiza seus trabalhos com os alunos conforme a demanda da escola. O refeitório da escola é grande e possui diversas mesas com cadeiras acopladas, pias para higienização das mãos e a cozinha fica no mesmo ambiente. O barzinho da escola é gerenciado por uma mãe de aluna que aluga o espaço da escola, vendendo balas, refrigerantes, salgados e doces. O pátio da escola é grande e acolhe todos os alunos no intervalo e demais horários, a praça necessita de reparações e está inativa para segurança dos alunos. Por possuir espaços diferenciados, mas que não conseguem atender todos os alunos, a direção conta com livros de organização para cada espaço, sendo que devem ser previamente agendados antes de sua utilização. 10 A escola possui diversos espaços para que os professores os aproveitem, porém acabam não utilizando, e as justificativas são diversas, tipo, “determinado aluno não sabe se comportar fora da sala de aula”, aí vem o questionamento: Resolve manter o aluno dentro de quatro paredes, calado? Os espaços estão ali para serem explorados, uma aula alternativa e diferenciada chama atenção dos alunos para a aprendizagem. Durante o período do estágio utilizei diversos espaços e materiais, que também estão à disposição na escola para todos os professores, porém há livros magníficos, que nenhum professor sequer abriu, material este, que se utilizado corretamente, possibilitará aos alunos, a descoberta de novos saberes e minimizará a monotonicidade do dia a dia em sala de aula. Conforme Cunha: Os estudantes acabam cativados pelas novas possibilidades. Até porque eles percebem que a revolução tecnológica e as mudanças no mundo das comunicações estão exigindo comportamentos diferentes frente ao conhecimento. A incerteza quanto ao campo de trabalho e à crescente complexidade do contexto escolar lhes sugere que o perfil de professor repassador de informações está se esgotando. Passam a interessar-se, pois, pelas experiências que lhes acenam com novas possibilidades de enfrentamento da realidade. (2001,página 108) Diante de tantas tecnologias devemos nós, professores, ir atrás de diversidade para planejar nossas aulas, fazer com que sejam atrativas para os alunos tanto quanto as tecnologias que estão ao seu alcance. O aprendizado está sempre em um constante movimento, sendo assim devemos modificar nossa forma de repassar nossos conhecimentos conforme essas mudanças forem acontecendo na vida social e escolar.
2.2. Etapa de Ensino Nos Anos Iniciais o aluno deve obter os conhecimentos básicos como leitura, escrita e cálculos, além dos conhecimentos gerais e elementos para a vivência em sociedade. Em 2011 o MEC trouxe uma proposta do Conselho Nacional de Educação onde surgiu a orientação que os alunos não devem ser reprovados durante os três primeiros anos escolares, criando assim um ciclo de alfabetização e 11 letramento, desde então a escola aderiu a essa orientação e este processo, vem apresentando pontos positivos e negativos. A criança faz parte de um ciclo de alfabetização e mesmo com dificuldades irá acompanhar a turma e ter mais espaço de tempo para completar sua alfabetização. Sendo assim, nos Anos Iniciais o aluno deve obter os conhecimentos básicos como leitura, escrita e cálculos, além dos conhecimentos gerais e elementos para a vivência em sociedade. A proposta não é uma lei e há suas exceções, mas diante de muitos debates e a eficácia da mudança a grande maioria das escolas seguiu a orientação. De acordo com Magda Soares: Diante dos precários resultados que vêm sendo obtidos, entre nós, na aprendizagem inicial da língua escrita, com sérios reflexos ao longo de todo o ensino fundamental, parece ser necessário rever os quadros referenciais e os processos de ensino que têm predominado em nossas salas de aula, e talvez reconhecer a possibilidade e mesmo a necessidade de estabelecer a distinção entre o que mais propriamente se denomina letramento, de que são muitas as facetas – imersão das crianças na cultura escrita, participação em experiências variadas com a leitura e a escrita, conhecimento e interação com diferentes tipos e gêneros de material escrito – e o que é propriamente a alfabetização. (2004, página 15) Diante do meu olhar, os professores do Instituto Estadual Couto de Magalhães não estão preparados para essa mudança, tendo resultados pouco positivos diante dela, com alunos chegando ao terceiro ano não alfabetizados, o que poderá deixar as salas superlotadas com maior número de repetentes, o que já assusta a professora titular.
2.2.1. A importância do planejamento O planejamento é a base do sucesso em nossas vidas, assim também é na rotina escolar, uma aula planejada é caminho de sucesso e aprendizado. Muitos professores não realizam o planejamento e acabam realizando suas aulas diante do improviso ou até mesmo repetindo todos os anos as mesmas questões e aulas para os novos alunos que estão chegando, e os que estão repetindo o ano acabam revendo e continuam sem aprender de fato. 12 Primeiramente o professor deve conhecer a turma e sua realidade para então iniciar seu planejamento baseado nesses dois itens, após esse conhecimento chega a hora de planejar sobre o que será feito e sonhar com as respostas que teremos. Para Madalena Freire: [...] num primeiro movimento desse sonhar pedagógico o ingrediente básico – porque ainda não iniciamos o fazer – é a idealização: capacidade de imaginar, idear, projetar fantasias, planejar ideias a serem executadas. Ou seja, faz parte do planejar a ação de sonhar que, neste primeiro movimento, ainda não está no plano das ideias, das hipóteses que estruturarão a ação pedagógica. (1997, página 1) Ao fazer seu planejamento o professor deve repensar os espaços, as potencialidades e particularidades do grupo, e então, a partir daí possibilitar novos aprendizados aos alunos, que estão iniciando sua vida escolar. Para que estes, não se sintam desmotivados e permaneçam na escola concluindo seus estudos, é preciso que o professor exerça uma influência positiva, através de planejamentos criativos e aulas atrativas. Os alunos devem sentir-se seguros ao trabalhar os assuntos abordados pelo professor, por meio dos recursos disponíveis o professor consegue realizar uma aula atrativa que chame atenção do aluno, o mesmo deve planejar para educar pessoas que transformem o mundo, sempre buscando algo que resgate sua realidade. 2.2.2. A avaliação da escola A partir da criação do novo Projeto Político Pedagógico em 2013 a avaliação foi modificada, melhorar a qualidade de ensino e diminuir a evasão escolar. A avaliação é realizada através de pareceres, o que é válido para toda a escola, isto é, todos os alunos do Instituto são avaliados através de pareceres. Os alunos devem acompanhar a turma na aprendizagem e adquirir um nível de conhecimento considerável do assunto abordado durante aquele trimestre. Na turma em que realizei o estágio estavam dois alunos, que apresentavam maior dificuldade, os dois alunos com déficit de atenção, a aluna L. era calma, porém distraída, já o aluno J. era agitado e não se concentrava para nenhuma atividade. Durante o inicio do estágio apresentaram grande dificuldade em trabalhar 13 com os materiais propostos, após a primeira semana comecei a avaliá-los através do aprendizado em dupla, solicitava a ajuda de algum colega que dominava as atividades e sentava em dupla com L. e J. que com o auxilio dos colegas conseguiam manter-se concentrados na atividade e realizá-la com êxito. Apesar da dificuldade dos dois alunos consegui realizar toda proposta do planejamento igualmente ao do restante da turma. Os dois alunos possuem uma capacidade incrível ao aprendizado, porem, necessitam de uma maior atenção do professor para concluir as atividades. Luckesi afirma: A avaliação é constituída de instrumentos de diagnóstico, que levam a uma intervenção visando à melhoria da aprendizagem. Se ela for obtida, o estudante será sempre aprovado, por ter adquirido os conhecimentos e habilidades necessários. A avaliação é inclusiva porque o estudante vai ser ajudado a dar um passo à frente. Essa concepção político-pedagógico é para todos os alunos e por outro lado é um ato dialógico, que implica necessariamente uma negociação entre o professor e o estudante. A reprovação é um fenômeno que, historicamente, tem a ver com a ideologia de que, se o estudante não aprende isso se dá exclusivamente por responsabilidade dele. As frases reveladoras são aquelas do gênero "eles não querem mais nada", "não estudam", "não têm interesse" etc. Muitas outras razões, além do próprio aluno, podem conduzir ao fracasso escolar, como as políticas públicas que investem pouco no professor e no ensino, com baixos salários e problemas de infraestrutura. O recurso da reprovação não existe em sistemas escolares de países que efetivamente investem na qualidade da aprendizagem. (2014, página 1) Sendo assim, podemos perceber que a avaliação é uma reflexão do professor sobre tudo que o aluno participou durante o trimestre, e a ser repensado quando o pensamento é reprovação, tendo em vista a alfabetização do aluno penso que devemos sim aceitar a sugestão do MEC em não reter o aluno, mas os professores devem ser auxiliados na sua forma de trabalhar, pois vai exigir uma demanda maior de trabalho, até que dominem e entendam essas novas orientações, mas a satisfação em aprender e trocar conhecimentos compensará e não fará com que eles fiquem retidos no terceiro e venham a evadir-se da escola já nas séries iniciais.
2.3. Processos de Ensino Diante dos conhecimentos adquiridos durante o estágio, venho agora refletir sobre os processos de ensino e como estes acontecem. 14 Sabemos que as atividades devem ser planejadas pelo professor, para alcançar os resultados desejáveis e atender todos os alunos uniformemente. O planejamento deve ocorrer de acordo com a realidade de cada educando, com respeito as suas particularidades, dificuldades e potencialidades, não podem exigir de um aluno o mesmo desenvolvimento de outro colega, pois cada um tem seu ritmo e tempo para aprender e responder aos objetivos propostos. Os alunos do Instituto Estadual Couto de Magalhães atingiram as expectativas, porem o pouco espaço de tempo, não permitiu que houvesse continuação ao trabalho lúdico pedagógico. Alunos com grandes dificuldades de aprendizagem, e em especial, na alfabetização, estão enchendo as salas do 3º ano, isto é cada vez mais normal de ser visto nas escolas. Essas mudanças, sugeridas MEC deixou-nos de certa forma com as mãos atadas, estamos presenciando professores com poucos recursos para atender toda a demanda da sala de aula, incluindo todos os conteúdos exigidos no currículo do 3º ano. Dentro de todos os processos ainda nos deparamos com professores não preparados para lidar com as diferenças de cada aluno, professores exigindo alfabetização com letra cursiva sendo que o aluno não entende, apenas copia. Diante da tecnologia oferecida nos dias atuais, não devemos ficar estagnados nas formas antigas de trabalhar, devemos procurar trabalhar a ludicidade para encantar as crianças e despertar a atenção delas para os conteúdos de formas simples, mas objetivas. O estágio em séries iniciais se desenvolveu de uma forma lúdica, sempre com muitas cores e aprendizado diferenciado do que os alunos estavam acostumados. O planejamento contou com aventais de histórias para interação dos alunos na hora do conto, para que eles mesmos modificassem e contassem a sua versão da história, jogos, confecção de materiais diversos, estimulando a criatividade e desenvolvendo o raciocínio lógico, na construção da tabuada no disco. Todas essas alternativas entre outras, deixaram as aulas mais tranquilas e possibilitaram aos alunos um aprendizado significativo coletivo. 15
2.4. Aprendizagem dos alunos Diante da realidade experimentada, dos alunos da turma do 3º ano, onde o estágio foi realizado, percebeu-se que os alunos possuíam diferentes níveis de aprendizagem. Os alunos não alfabetizados frequentavam aulas de reforço durante o período de aula, os afastando do aprendizado coletivo, isso dificultava o desenvolvimento do planejamento. Cada aluno tem seu processo de aprendizagem, sendo que a turma possuía alunos não alfabetizados e também, alunos que se apresentavam com nível de aprendizagem de acordo com os requisitos do respectivo ano. Diante dessas diferenças foram oferecidos aos alunos trabalhos coletivos para que uns pudessem auxiliar os outros, assim, a turma se uniu e conseguiram formar um grande grupo em prol da alfabetização. Os alunos que frequentavam as aulas de reforço deixaram de ir às mesmas, pois o governo retirou o recurso humano, para esse fim, sendo assim ficou mais fácil realizar as aulas sem interrupções, conforme o planejamento. Os alunos com maiores dificuldades mostraram-se mais interessados aos conteúdos em sala de aula, a relação entre professor e aluno era mais próxima e mais afetiva, isso me fez perceber que eles estavam com mais segurança, vendo que eu me interessava e valorizava a aprendizagem que eles já traziam na bagagem, sempre elogiando qualquer simples conhecimento que eles demonstrassem ter ou que passassem a construir. Assim, foi também, com os alunos que já apresentavam facilidade no processo de aprendizagem, sentiam-se importantes ao poder ajudar o colega a realizarem as atividades.
2.5. Trabalho Docente Olhar para si mesmo é sempre um desafio, estamos acostumados a ver o outro e relatar como são e como agem, então quando temos que olhar pra nós mesmos, nos vemos em um completo desafio. Eu, como professora me vejo uma desbravadora de novas experiências, resgatando o que o aluno tem de melhor, que é seu conhecimento que já vem de casa, desde um simples amarrar de sapatos até uma receita elaborada que traga 16 com ela suas diversas fórmulas, pesos e medidas. O professor hoje em dia deve aliar-se à tecnologia, não lutar contra ela, então procuro utilizá-la ao meu favor para fazer aulas atrativas. Acredito que seja papel do educador, despertar nos alunos o gosto pela escola, o prazer de trocar conhecimentos e, acima de tudo, formar parceria com os alunos. Nós, alunos e futuros professores sabemos a importância de um bom professor para nossa jornada escolar e acadêmica, citei diversas vezes em meus trabalhos ao longo da minha jornada a importância que teve uma professora em minha vida, era calma, conversava e nos elogiava por cada mínimo aprendizado, sempre trocando os conhecimentos, assim como tive a sorte de ter essa professora em minha vida, teve outras que me fizeram repensar o modo que eu não devia me comportar como professora, espero ser adorada e exemplada e não, digna de pena e falta de respeito.
3. Conclusão Ao concluir o artigo concluo que o ensino de nove anos e a alfabetização continuada é a melhor opção para o ensino, porém me vejo pouco qualificada para o sistema no presente momento, assim como as demais professoras observadas durante o sexto semestre no Instituto Estadual Couto de Magalhães. Diante da forma de avaliação por pareceres do Instituto me sinto segura ao afirmar que é a melhor avaliação para os estudantes, estamos trabalhando em cima dessa avaliação desde o inicio do curso, todos os alunos são avaliados através de pareceres, desde séries iniciais até o final do ensino médio. O Instituto está no caminho certo da democratização escolar e com isso vem obtendo excelentes resultados desde o início de suas mudanças há dois anos e isso me deixou segura para realização do estágio.
REFERÊNCIAS
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, 2004.
FREIRE, Madalena. Planejamento, sonhar na ação de planejar. Instrumentos Pedagógicos II. São Paulo, 1997.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Entrevista Avaliação. Revista Escola, 2006. CUNHAS, Maria Isabel. Aprendizagens significativas na formação inicial de professores: um estudo no espaço dos Cursos de Licenciatura, 2001.
COUTO DE MAGALHÃES, Instituto Estadual. Projeto Político Pedagógico, 2013
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